domingo, 21 de junho de 2009

Considerações finais

Considerações finais



Por aqui vou concluindo meu dossiê,fazendo minhas considerações finais.
No começo desse semestre colocamos muito das nossas aflições em relação a inclusão de alunos com necessidades especiais em nossa sala regularApós todas leituras posso agora concluir que a grande questão que afeta aos professores que convivo e afligia a mim,é justamente as exigências que uma educação especial fazem de nós,na mudança ou no aprimoramento de nossas relações com nossos alunos."Não importa o que o aluno é ou faz,mas o que a escola faz com ele.”è um desafio,desde a dificuldade de ensiná-los,o tempo e a paciência que essa tarefa nos exige,passando pela nossa participação no processo de socialização que precisamos trabalhar com todos,e ainda dar conta de cuidar da aquisição de destrezas que os alunos com os quais estamos acostumados já apresentam.Poderia-se realmente pensar num currículo especial (voltar aos tempos passadosJ),mas a variedade nas necessidadesespeciais é tão grande que se torna impossível,seriam inúmeros de acordo com cada individualidade.Realmente as adaptações curriculares para cada caso,dentro do currículo escolar de todos,são mais indicadas.
Outro aspecto que achei de suma importância é a interação e cooperação entre os pais e professores,na troca de informações,na continuidade das combinações em casa e no acompanhamento das evoluções dos alunos.Essa avaliação não pode ser feita só uma vez,como diagnóstico de um problema e fim.Ela precisa ser feita de forma sistemática e de tempos em tempos,ou quando ocorrerem modificações na vida escolar dos alunos com necessidades especiais,mais ainda se forem mentais.Falo da cooperação entre pais e professores,porque só em casa,o trabalho será muito mais lento,árduo e possivelmente não contará com o desenvolvimento na parte cognitiva e social,mas também só a escola,não dará conta desse empreendimento.É preciso que os pais aceitem as necessidades especiais de seus filhos,busquem orientações e trabalhem junto com a escola para a melhoria das condições de vida dos deficientes.
Enfim,vejo que podemos trabalhar sim a com esses alunos,temos que estar abertos,conscientes de que não é fácil,mas é possível.Fazendo o que é dentro de cada habilidade o melhor para eles melhorarem sua qualidade de vida,ampliarem seus conhecimentos e capacidades básicas de vida!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Continuando estudo de caso...

Comportamentos do Gustavo




Na questão de relacionamento,Gustavo é bem reservado não se comunica com professores e funcionários.Já houve um progresso porque agora ele responde com palavras quando é solicitado,antes nem isso,mal balançava a cabeça.Levantar o olhar nem pensar.Com os colegas também houve mudanças,eles o auxiliam nas atividades da sala de aula,e a partir daí surgiram novas comunicações.Na cancha de esportes fica mais a vontade,já o observei várias vezes conversando e rindo com os colegas.
Na questão da aprendizagem,não retém muitas informações,mais copia do que realiza atividades.Raciocínio lógico muito pouco quase nenhum,não conhece nem o valor do dinheiro.Não realiza produções textuais próprias,tem dificuldade de expressar suas idéias por escrito.
Fez uma avaliação para a Sala de Recursos e foi convidado a participar,mas não tem frequentado e esconde-se quando enxerga a professora de lá.A mãe disse prar nós que ele não quer ir porque só vai na SIR para brincar.Não acredito nisso,acho que a mãe perguntou o que ele faz na SIR e quando ele relatou as atividades diferenciadas a mãe achou que eram "só brincadeiras" e disse que não precisava mais ir.Também tenho minhas dúvidas no trato dos alunos da escola sede em contra partida aos alunos da outra escola que vem até aqui ser atendidos.É notória a preferência pelos últimos que são de melhor qualidade de vida,mais apresentáveis.Não fui só eu que notei e acredito que isso tenha influênciado a indisposição do Gustavo em frequentar a SIR.Infelizmente essa é a realidade,e a professora da SIR já manifestou sua vontade de encaminhá-lo mpara a EJA,alegando ser melhor para ele.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

História do Gustavo...

NA ESCOLA


Gustavo iniciou seus estudos na Escola Estadual Ana Neri,com sete anos.Sua professora da primeira série,em seu primeiro ano na escola já alertou a mãe sobre a possibilidade do menino ter necessidades educativas especiais.O aluno repetiu a primeira série por três anos consecutivos sem a mãe tomar uma providência sequer.Então a mãe resolveu trocá-lo de escola levando-o para uma escola municipal,onde o ensino é ciclado.Argumentou estar tirando o menino da escola estadual porque a professora “pegou implicância” com ele.
Após quatro anos no ensino por ciclo a mãe trouxe o menino de volta para a escola estadual.Para alguns ela diz que o motivo seria os diversos assaltos que o Gustavo,por ser muito “desligado” sofria na saída da escola.Chegou na escola com indicação para quarta série,e a mãe relatou a professora que o motivo da transferência seria ele não estar aprendendo nada na escola municipal.Embora seja possível fazer-se uma avaliação para comprovar a série indicada,por serem sistemas de ensino diferentes,o ciclo e por séries,não foi feita nenhuma na escola que ele retornou.Assim ele foi matriculado na quarta série.No primeiro ano na quarta série a professora já em conselho de classe obteve todas essas informações,pois estava preocupada com o aprendizado do aluno e com sua comunicação.Não falava com ninguém,nem com a professora,muito menos levantava o olhar.Copiava tudo do quadro,mas não produzia nada por conta própria.Foi encaminhado ao SOE da escola.A mãe ao ser chamada disse que o aluno não tinha nenhuma necessidade especial,apenas estava estranhando a escola,pois as atividades eram em maior quantidade e ele não estava acostumado.O Gustavo então repetiu o ano,três vezes.Somente no terceiro ano a mãe aceitou leva-lo a um médico especialista.

Segue o parecer médico:
“O paciente apresenta retardo de desenvolvimento psicomotor,patologia CID F81.9.Encaminho para psicologia e neurologia pelo SUS.O paciente necessita de acompanhante.”


Após esse encaminhamento a mãe não procurou nenhum dos especialistas indicados.O aluno mais uma vez foi reprovado.No ano atual,o aluno retornou para a primeira professora de quarta série (após quatro repetências),que sou eu.Agora está com 17 anos e contamos com a Sala de Recursos,para o qual foi encaminhado após avaliação da professora responsável,que exigiu o laudo médico para saber qual definição de necessidade ele apresenta.Foi aí que descobrimos que desde ano passado a mãe não procurou mais atendimento nenhum para o Gustavo.Busquei maiores informações sobre o código do CID para poder auxilia-lo.Ele não queria assistir aula regular com a turma,nem queria mais estudar.Então nós procuramos opções para incentiva-lo.Fomos ao Cazon e lá nos indicaram o COOPA.Levamos a mãe e o menino,de carro até o serviço especializado,ele fez a triagem e aguarda chamamento por vaga,mas precisa estar freqüentando a SIR da escola.Ele vem até a escola trazer o irmão menor para a aula do turno inverso ao seu e quando avista a professora da SIR,se esconde e não fica para o atendimento.Já chamamos a mãe que relata que o menino não obedece a ordem que ela deixa ao sair para trabalhar,que ele venha para o atendimento na SIR.A professora da SIR não sabe mais o que fazer,e sugere que o encaminhemos para a EJA,por sua idade e por parecer que ele sentiria-se melhor em meio aos alunos mais de sua idade.Também sinto que fomos até onde dava para ajudar esse aluno e colocaremos o caso para a direção da escola,buscando uma melhor solução.O menino tem um primo-irmão com necessidades especiais,que inclusive toma medicamento e que demonstrou grande interesse em participar dos cursos oferecidos pelo COOPA,pois são profissionalizantes e colocamos para a mãe que eles poderiam inclusive ir juntos,mas me parece que ela não aceitou ainda a situação e não compreende a necessidade que o Gustavo tem de receber atendimento especializado.

sexta-feira, 22 de maio de 2009


MEU QUERIDO GUSTAVO...


Gustavo tem 16 anos.Ele mora com os pais biológicos e mais três irmãos.
O pai trabalha com o irmão mais velho como montador de janelas.A mãe faz faxina nas casas sem vínculo trabalhista.Ele é o terceiro filho,e os outros dois são mais novos que ele.A família tem uma condição econômica considerada de baixa renda,vivendo com dificuldades.A mãe até pouco tempo não conseguia aceitar que Gustavo tinha necessidades educacionais especiais e assim resolvia o “problema” trocando o menino de escola...

ESTUDO DE CASO

UNIDADE 4
ESTUDO DE CASO – O que é
Este estudo consiste na realização de uma pesquisa, com um sujeito com necessidades educacionais especiais através de registro escrito em forma de relato .A cada semana estarei acrescentando dados/informações novos/as relativos aos aspectos trabalhados em cada Unidade através das leituras e produções realizadas durante esta interdisciplina .
Assim lhes apresento Gustavo...


UNIDADE 3

SERVIÇOS ESPECIALIZADOS ,PARTE 2



A discussão sobre a terminologia a ser empregada para denominar os alunos com necessidades educacionais especiais é importante e perpassa os documentos legais que tratam do assunto.É importante porque facilitará o trabalho para a inclusão desses alunos,auxiliando no direcionamento comum de esforços ao se definir quem realmente precisa de atendimento especializado.
Outra atitude valiosa é o estudo de como e de quais modificações e/ou ajustes é passível o currículo escolar para melhorar a educação especial.
A bem da verdade a educação especial está presente nas políticas públicas relacionadas á educação,mas de fato ainda está longe de ser algo concreto.Conheço escolas que inclusive tem cadeirantes e não tem ainda acesso para eles.A verba que é repassada a uma dessas escolas é de trezentos reais (segundo a diretora) e mal dá para a merenda.Os professores precisam compreender que a preparação para melhorar a inclusão dos alunos com necessidades especiais parte deles (de nós) mesmos e não está mais restrita á algum profissional específico ou mais “qualificado” para a função.
O acesso sob forma de matrícula está garantido e acontece realmente,o que ainda falta é melhor preparo das escolas para proporcionar aos alunos com necessidades educacionais especiais que se sintam inseridos,participantes e possam desenvolver plenamente suas capacidades.
A verba que vem do governo federal, por exemplo,na minha escola é utilizada para projetos que visam a maior aprovação e também a permanência dos alunos em turno integral na escola.Enquanto isso as salas de aula regulares vão dia após dia sofrendo com a pressão em que convivem alunos e professores.Os alunos por serem evidentemente excluídos,quer no trato, quer no aprendizado e os professores por não terem apoio nem condições de trabalharem para incluir os alunos com necessidades.Assim cotidianamente vivem uma rotina de inadequação e insatisfação,pois não tem condições para vivenciar o contrário.
Mas como destinar uma verba maior ou específica porcentagem desta para a melhoria das condições de permanência se não existem dados que comprovem o número expressivo de alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas,pois não é feito um levantamento das matrículas desses alunos.Aqui volto ao tema inicial,a discussão acerca de quem pode ser considerado como aluno com necessidades educacionais especiais,no que as escolas ainda não o fazem,talvez por ser algo que cause polêmica e que não esteja bem definido,já que as próprias leis e documentos sobre a educação especial ainda usem termos diferentes ou sem uma adequada definição.
Penso que a escola que está adequada para ser inclusiva precisa ter como objetivo justamente a não exclusão,a não valorização das limitações mas sim a valorização das potencialidades,de forma a promover uma convivência solidária e que promova crescimento de todos os alunos.
Assim também,as salas de recursos devem funcionar em turno inverso ao da turma regular para que os alunos que a freqüentarem possam participar das duas.
Na minha escola por exemplo,devido ao número pequeno de alunos considerados com necessidades educacionais especiais,a professora da sala recebe alunos de outra escola estadual próxima.Aqui entra a questão novamente da nomenclatura,porque temos tão poucos alunos na SIR de nossa escola se os professores afirmam terem bem mais nas salas regulares.Quem pode ser considerado com necessidades especiais,e que necessidades são essas.Um dos documentos apresentado para leitura usa o termo deficiência para tratar das possíveis necessidades apresentáveis pelos alunos ( surdez,mental,cegueira,etc).Penso que falta tratarmos aqui dos alunos que tem necessidades educacionais especiais devido à diversos tipos de violências que sofrem,às condições de vida,entre outras.Afinal a aprendizagem é uma construção que envolve o sujeito e o meio,não depende só de estar em condições consideradas “normais” ou sem “deficiências” para achar que se pode promover aprendizado sem levar em consideração esses fatores.

“Atendimento educacional especializado são serviços prestados pela educação especial para atender às necessidades especiais de alunos.”
UNIDADE 3

SERVIÇOS ESPECIALIZADOS- I parte




Nessa unidade vou colocar referências aos serviços especializados em nosso Estado em uma reflexão de como e quando estão sendo oferecidos.Nessa proposta achei interessante anexar um resumo do Fórum pela Inclusão Escolar,que aconteceu no ano de 2008.Procurando na biblioteca de minha escola algum material que pudesse me auxiliar na compreensão dos assuntos propostos nessa interdisciplina,encontrei um livro que foi enviado pela coordenação desse fórum e que contém entre os assuntos abordados,um capítulo referente aos serviços especializados oferecidos e/ou necessários para a inclusão real dos alunos com necessidades educacionais especiais.Conhecendo os debates desse fórum,pude ainda fazer um melhor cruzamento dos dados apresentados entre a história da educação especial e os serviços especializados que hoje são oferecidos,por que já havia estudado esses assuntos nas unidades anteriores.
O livro foi elaborado a partir do Ciclo de Debates Inclusão Escolar:práticas e teorias,ciclo esse realizado em 2008 em Porto Alegre,no qual são apresentadas as tentativas de nossa cidade em avançar na inclusão escolar.Foram criados espaços como os Laboratórios de Aprendizagem,as salas de Recurso,as Turmas de progressão,o sistema de ensino por ciclos,todos aplicações na tentativa de constituir uma escola verdadeiramente inclusiva.Quando o município se articulava nesse propósito o MEC propôs transformar as escolas especiais em centros de atendimento .Aí foi de suma importância à atuação da comunidade escolar envolvida na inclusão,através da realização de muitos encontros,passeatas,documentos e outras formas de contestação onde conseguiram reverter a proposta do MEC e retirar de seu texto de políticas para a educação especial a transformação das escolas em centros.Pelo que entendi foi a partir daí,que sentindo a necessidade de unir forças,de criar elos surgiu o Fórum Municipal pela Inclusão Escolar,onde se discute o tema gerador e se troca experiências em busca de políticas que causem melhoria da inclusão nas escolas do município .O primeiro Fórum aconteceu ano passado,2008 com a participação de diferentes instituições e pessoas e após um Ciclo de Debates sobre a inclusão escolar.esse Fórum é composto pela Comissão de Educação,Cultura,Esporte e Juventude da Câmara Municipal de porto Alegre (CECE),SMED,1ª CRE ,Associação de Trabalhadores em Educação (ATEMPA),Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência,representantes da Sala de Integração e Recursos (SIRs) da SMED,dos professores e pais dos alunos de Escolas Especiais.
São ações do Fórum pela Inclusão Escolar:reuniões mensais;organização do Ciclo de Debates e Encontro de Pais;propor,sistematizar e encaminhar as deliberações coletivas surgidas nos diferentes espaços de discussão.O Ciclo de Debates tem como proposição o diálogo e o aprofundamento teórico a respeito do inclusão de alunos com deficiência nas Escolas Regulares e Especiais.
Com o tema: Inclusão Escolar –Práticas e Teorias, o Ciclo se constituiu num conjunto de relatos de experiências ,considerações teóricas e debates entre os relatores e o público,num total de cinco encontros ao longo deste ano,todos sobre os desafios propostos pela Inclusão Escolar.
Forma feitos os seguintes relatos ,nessa ordem:
De professores que atum nas Salas de Integração e Recursos do Município de Porto Alegre e da Escola Regular,apontando as conquistas e dificuldades encontradas nesse processo.
Da Educação Infantil e da EJA também implicados com a inclusão escolar.
Das assessorias da SMED apresentando um pouco da trajetória e organização institucional.
As Escolas Especiais do Município,a Escola Bilíngüe e um representante do segmento de pais contribuíram com seus relatos,experiências e considerações sobre suas trajetórias ,alternativas e desafios para acolher e garantir atendimento aos seus alunos.
Os professores das Universidades contribuíram teoricamente aceitando o desafio de dialogar com os profissionais das diversas escolas ,suas famílias e todos os interessados.
Todos os relatos foram acompanhados por uma reflexão teórica proposta por um debatedor convidado.
Continua...

“Desta forma fazemos um registro de um marco importante na história da educação em nossa cidade,pautados na ação e reflexão de práticas pedagógicas que fazem da diferença pontos de partida para a construção do conhecimento.” Rejane Caspani Dubois (coordenadora do Fórum pela Inclusão Escolar)




Referência bibliográfica:
Inclusão Escolar:práticas e teorias / organizadoras Isabel Letícia Medeiros,Salete Campos de Moraes & Magali Dias e Souza – Porto Alegre:Redes Editora,2008.